Abstract

A Belle époque tropical, que visava recriar a Europa nos trópicos, caracterizou-se no Rio de Janeiro pelo lema "Rio civiliza-se". Promulgado pelo então prefeito, Pereira Passos, a ideia era "civilizar" a cidade em termos estéticos, mas acima de tudo, culturais e comportamentais através da adoção de modelos cosmopolitas das mais emblemáticas urbes europeias. Por intermédio da leitura de dois contos do flâneur da época, João do Rio, temos uma ótica pela qual podemos desconstruir o que acabou por ser um aparelho (re)civilizador dos trópicos. O que estes contos revelam é a perversa inviabilidade do projeto "Rio civilizase", pois a suposta depravação da rua que o projeto tencionava eliminar afigura-se como uma extensão e produto do ambiente domiciliário. O comportamento designadamente depravado é, subsequentemente, reproduzido pela infiltração do público no espaço privado e subjetivo da casa.

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