Abstract

Quem conhece a obra de Lídia Jorge não ficará surpreendido ao ser confrontado em O Belo Adormecido com uma colectânea de contos da qual transparece um jogo de sedução entre texto e leitor ao qual a escritora nos vem habituando e que aqui é corroborado pelo efeito de imediação característico do género literário do conto. Directamente relacionada com este jogo encontramos igualmente a reflexão sobre temas como a memória, a identidade e o género que, embora também já habituais na sua ficção, nos são agora propostos através da clara articulação com um outro elemento: o do desejo. Ao nos oferecer seis contos sobre o desejo, Lídia Jorge confronta-nos com imagens de uma identidade e subjectividade que passam por um seduzir do outro e um expôr-se-lhe, cujo resultado é por vezes controverso, contraditório e até mesmo confrontante, como acontece com as personagens dos contos ‘O Belo Adormecido’ e ‘Assobio na Noite’, e que já de seguida irei demonstrar.

Abstract

The short stories included in Lídia Jorge’s O Belo Adormecido are in a sense the reconfirmation of a game of seduction between text and reader already familiar to those acquainted with the author’s oeuvre, in which questions such as memory, identity and gender remain central. This game is even more evident in O Belo Adormecido, not only from the specific immediacy characteristic of the short story but also because all six stories interrelate in one major aspect: the reflection on desire in human relationships. While articulating identity and subjectivity with the intense desire for the other, Lídia Jorge confronts us with expectations that, implicit in this desire, eventually have surprising and contradictory outcomes, as in the stories ‘O Belo Adormecido’ and ‘Assobio na Noite’.

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