Abstract

Resumo:

Em 1932, o marinheiro-escritor português Jaime do Inso (1880–1967) publica o romance de cariz etnográfico O caminho do Oriente, que representa a viagem formativa de dois jovens rumo a Macau. O romance de Inso—que o autor descreve no prefácio como um patriótico “quadro ou esboço da nossa vida colonial” e que venceu o Concurso de Literatura Colonial de 1931—ficcionaliza a missão (inicialmente) comercial de Rodolfo e Frazão desde Lisboa rumo à misteriosa alteridade do território chinês sob administração portuguesa. A ideologia colonial impregna quer o olhar dos viajantes masculinos sobre o Oriente, quer a textualização de Macau por parte do narrador, que, tal como os protagonistas, tenta observar, descodificar e registar o Outro misterioso através da “poética de espaços exóticos”. A par do estudo da morfologia e dos espaços culturais do enclave, analisaremos estratégias como: comentários, digressões ideológicas e descrições de cariz etno-historiográfico, a enumeração, a intertextualidade, a comparação e a descrição de paisagens visuais, acústicas e olfativas exóticas. Tal análise permitir-nos-á interpretar o Oriente indagado e textualizado, de forma subjectiva, pelas personagens, pelo narrador e pelo leitor ocidental que também apre(e)nde o caminho do Oriente, espaço-possibilidade sempre em aberto e desconhecido em Lisboa.

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