O manuscrito original do opúsculo quatrocentista que agora sai à luz, após séculos de ignorada reclusão, é o único exemplar de que temos notícia. Pertence à preciosa livraria de um dos mais distintos bibliófilos lisbonenses, prematuramente falecido em 1896. Numa das salas da formosa estância que a encerra, a inscrição Delicia juventutis meæ revela, com que paixão pungentemente saùdosa o espírito generoso e culto de FERNANDO PALHA se lembrava, depois de colhido pela engrenagem política, dos tempos felizes em que, cum libello in angello, ia arrancando a vetustos pergaminhos e papéis amarelecidos os segredos do passado, para em seguida expôr, em frase burilada, verdades históricas apuradas com critério lúcido. A medida do que teria sido capaz de empreender, historiador de ampla envergadura e artista esmerado, deu-a ao tracejar a análise psicopática de D. Jaime de Bragança (1); ventilando a questão dos corsários franceses, que perturbou o reinado de D. João III (2), e