Abstract

Para os movimentos nacionalistas durante o século XIX e no começo do século XX, a escrita da história da nação contribui para o estabelecimento e a afinaçâo da identidade nacional dentro da comunidade internacional. A participação de Fernando Pessoa neste processo carateriza-se pelo seu fascinante uso da iniciação como metáfora para a representação da espiritualidade (salientando o ocultismo e os mitos messiânico-proféticos tradicionais), a poesia (focalizando-se no poder criador-desvendador do poeta), a língua e a história de Portugal. Dito processo deve estudar-se no contexto transnacional da modernidade, visando, sobretudo, os seguintes fenómenos: o desenvolvimento do Estado-Naçâo o predomínio do imperialismo baseado na centralidade do Ocidente e o emprego da nação como símbolo da religião do estado secular-liberal. Sobressai a figura de D. Sebastião como a incarnação do Logos da nação no que poderia chamar-se a Eucaristia nacional, ou seja, a reificação, através da produção e a leitura da poesia, da mitologia nacional para garantir a continuidade histórica de Portugal.

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