Abstract

Partindo do incômodo causado pelas projeções exóticas do "Brasil" no imaginário internacional, discutem-se aqui alguns momentos em que, na literatura e na música, de tempos coloniais ao presente, a "África" revela-se como topos privilegiado, a resguardar poeticamente a pureza e a crueza de uma origem a um só tempo desejada e rechaçada. Analisando, ao fim, um trecho das memórias de Caetano Veloso, sugiro que um complexo mecanismo de sublimação simultaneamente nos protege e aproxima do momento mítico original em que a mão dos africanos teria tocado o primeiro tambor no Brasil, fazendo surgir, intacta, uma África mirífica, simbolicamente tão poderosa quanto esvaziada de qualquer história ou peso.

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