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Reviewed by:
  • Jornal Nacional: A notícia faz a história
  • Vanessa C. Fitzgibbon
Memória Globo . Jornal Nacional: A notícia faz a história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004. Anexos. 407 pp.

Em comemoração aos 35 anos do Jornal Nacional, "o primeiro telejornal em rede" (17), a Memória Globo reúne neste volume uma série de depoimentos inéditos de produtores, diretores, apresentadores, jornalistas e repórteres coletados e organizados entre março de 1999 e maio de 2004, que contam os bastidores das histórias levadas ao ar pelo telejornal de maior audiência da televisão brasileira. Entretanto, a "Nota Técnica" esclarece as limitações que tal trabalho apresenta, principalmente na coleta do material dos dez primeiros anos, uma vez que parte do acervo foi destruído com o incêndio de 1976 no Rio de Janeiro, além do fato de não terem sido mantidas fitas com a íntegra do noticiário daquele período no Centro de Documentação da Globo. A solução encontrada para se atingir o resultado almejado foi a de recorrer a publicações e documentos da época, assim como à memória daqueles que participaram na elaboração da notícia (14).

Com cerca de 420 fotos, a obra reconstrói a trajetória das telecomunicações brasileiras, mas principalmente do telejornalismo global que teve como antecedentes ainda no começo do século XX, os jornais A Noite, criado em 1911, e O Globo, de 1925, ambos por Irineu Marinho, os quais após sua morte foram conduzidos pelo filho Roberto Marinho, tendo a seu lado seus irmãos Ricardo e Rogério. No campo televisivo, os precursores foram o Tele Globo, Ultranotícia e o Jornal da Globo que por fim em 1o. de setembro de 1969 foi substituído pelo Jornal Nacional. Todavia, a Memória Globo reconhece que foram reportagens marcantes nos programas anteriores, como as enchentes de 1966 no Rio de Janeiro e a chegada do homem à lua em 1969, que estabeleceram a qualidade e o prestígio do padrão global, capazes de conquistar a liderança em uma audiência com limitadas opções, tanto no Rio como em São Paulo.

O livro relata as diferentes fases e estratégias pelas quais o telejornalismo brasileiro passou, transformando um jornal criado para competir com o Repórter Esso, da TV Tupi, em instrumento chave da agressiva afirmação da Globo como a primeira rede de televisão do Brasil (28). A elaboração da obra está vinculada [End Page 136] ao período histórico e político pelos quais atravessava o país, e vem dividida em cinco partes:

Parte I [1965-1974]—Nasce o JN: o Brasil e o mundo unidos pela notícia

Parte II [1974-1983]—O JN em época de abertura lenta e gradual

Parte III [1984-1990]—JN: o Brasil e o mundo no caminho da democracia

Parte IV [1990-1995]—JN: impeachement no Brasil e a guerra no mundo

Parte V [1995-2004]—JN: democracia, globalização e terror

Inseridos nestes capítulos, podemos ainda encontrar reportagens especiais sobre alguns dos acontecimentos que mais marcaram a história, não só brasileira, mas do mundo e que foram registrados por repórteres e câmeras da Globo. Entre elas destacam-se "Os grandes incêndios", trazendo os casos do Andraus, Joelma e Andorinhas. Também encontram-se as coberturas dos carnavais, esportes como o vôlei, boxe, Fórmula 1, as Olimpíadas, e como não poderia faltar, as "Copas do Mundo" a partir de 1974. Os principais "Casos policiais" que marcaram a nação são brevemente revisitados, como o sequestro de Carlinhos, os assassinatos de Ângela Diniz e Cláudia Lessin Rodrigues, assim como a repercutida tragédia envolvendo Daniella Pérez, vítima de um dos atores com quem contracenava na novela escrita por Glória Pérez, mãe da atriz. Será em "Notícia ao vivo" que a questão da ética jornalística entrará mais uma vez em jogo com a polêmica da reportagem sobre o ônibus da linha 174...

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