O amor em chamas: o amor e a sociedade em Guardar o Fogo (2013) de Joaquim Pessoa

A obra poética de Joaquim Pessoa consta em três fases, a fase da revolução deconstrutiva, a frase da salvação individual e coletiva por meio do processo místico e do amor, e aquela da recombinação destas duas trajetórias. Reconhece-se que a última fase da poesia de Joaquim Pessoa reflete uma sorte de síntese da trascendência duma política deconstruída e dum intimismo místico. As suas várias coletâneas poéticas publicadas durante o séculovinte e um representam a intensificação destas forças temáticas. Guardar o Fogo (2013) cria um espaço de singela e desmitificadora chamada à luz da sabedoria do ser e do seu entorno por meio duma aceitação e consequente aplicação dos gestos trascendentais da palavra versificada de Pessoa. Esta cole-ção evita a expressão mística explícita e Os Olhos de Isa (1983), embora siga a discussão simbólica em função de noções de liberdade coletiva e pessoal por meio do amor. Há também um discurso meta-poético e pós-humano que encobre a conversação ainda mais profunda acerca dos temas indicados acima.