Abstract

Resumo:

Partindo da tensão entre o traduzível e o intraduzível, este artigo busca elevar a tradução ao nível narratológica na composição da novela "O recado do morro" de João Guimarães Rosa. Argumenta-se que a tradução é utilizada ao nível de produção literária, como um instrumento temático, estrutural e conceitual. Na novela rosiana, um grupo de viajantes acompanha os trânsitos de um recado viajante que passa por vários recadeiros até alcançar seu destinatário final. A narrativa, assim, propõe uma metáfora para repensar tradução e a sobrevida dos textos. A tradução se apresenta como o fio condutor da narrativa, propulsionando seus personagens às próximas destinações onde são obrigados a "traduzir" a iteração subsequente do recado. A tradução nesta novela também tem uma função epistemológica. Entendimento da mensagem do recado se torna possível através da poetização, da transposição à linguagem literária. Desta maneira, a tradução tanto informa a estrutura da narrativa quanto desempenha um papel fundamental na transmissão de conhecimento.

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