Abstract

Resumo:

A ironia é um dos recursos de heterogeneidade mostrada mais empregados em certos gêneros discursivos, funcionando como elemento estruturador do discurso e como recurso argumentativo, nomeadamente na forma de argumentação indireta. Neste artigo, a partir da análise de um corpus constituído por quatro crônicas coligidas em Comédias brasileiras de verão, de Luís Fernando Verissimo (2009), buscamos identificar, sistematicamente, os mecanismos de constituição da própria ironia, assumindo como irônico o enunciado em que o locutor (L) coloca em cena um enunciador (E) que adota um ponto de vista absurdo, que L não pode assumir. Ou seja, procuramos identificar as instâncias em que posturas irônicas aparecem de forma visível nos mencionados textos, analisando seu caráter polifônico e seu potencial estruturante e argumentativo. Segundo Lucie Olbrechts-Tyteca (apud Beth Brait 153), três elementos são centrais para a estruturação da ironia: a analogia, a argumentação indireta e os sinais emitidos pelo locutor. Adotando uma abordagem qualiquantitativa, nosso estudo fundamenta-se nos pressupostos teóricos já tradicionais da Análise do Discurso de vertente francesa, mantendo diálogo com concepções de ironia mais recentes, como as de M. Belén Alvarado Ortega (2006) e Brait (2008), dentre outros, e com Oswald Ducrot (1987) e Chaim Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005).

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