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Reviewed by:
  • Dancing Bahia: Essays on Afro-Brazilian Dance, Education, Memory, and Race by Lucía M. Suárez, Amélia Conrado, and Yvonne Daniel
  • Paulo Dutra
Suárez, Lucía M.; Conrado, Amélia; Daniel, Yvonne. Dancing Bahia: Essays on Afro-Brazilian Dance, Education, Memory, and Race. Chicago/Bristol: Intellect, 2018. 234 pp. Notes. Index

O subtítulo do livro traduz com precisão seu conteúdo e sua proposta: leituras de diversas modalidades de danças afro-brasileiras circunscritas metodologicamente a seus elementos intrinsecamente pedagógicos, memorialísticos e raciais. Trata-se de uma celebração acadêmica das particularidades sobre o nascimento, o desenvolvimento, a situação atual e as perspectivas futuras da dança afro-brasileira em seu contexto específico de realização cultural, artística e política como elemento catalisador de identidades fragmentadas e fragmentárias pelo e no processo histórico de formação do que veio a se denominar de maneira genérica "ser negro."

Dancing Bahia: Essays on Afro-Brazilian Dance, Education, Memory, and Race, editado por Lucía M. Suárez, Amélia Conrado e Yvonne Daniel, traz oito ensaios de professoras, pesquisadoras, artistas e ativistas que se dedicam tanto ao estudo quanto à prática da dança enquanto manifestação artística, cultural, política e elemento vital nas relações humanas. Dividido em quatro partes que acolhem diferentes abordagens e perspectivas, o livro nos brinda não somente com um panorama da dança afro-brasileira como também com meticulosas interpretações e reflexões desenvolvidas a partir de ferramentas teórico-acadêmicas combinadas a depoimentos de pesquisadoras e de sujeitos pesquisados sobre suas experiências de vida associadas diretamente à dança.

A primeira parte contém dois capítulos que se ocupam do tema geral "Dança baiana em ação." Amélia Conrado, uma das editoras do volume, apresenta o ativismo pela causa da valorização das populações afrodescendentes como característica inerente à dança praticada na Bahia, devido ao contexto de seu desenvolvimento histórico desde suas origens até os nossos dias. Outra editora do livro, Yvonne Daniel faz sua contribuição com ensaio dedicado a trazer para o primeiro plano o poder que a dança tem de promover e possibilitar cidadania e seu exercício pleno. Na segunda parte, temos um conjunto de três capítulos em que se apresentam reflexões em torno de questões relacionadas à memória, resistência e sobrevivência, discutidas a partir do caráter pedagógico da dança. Pilar Zambrano oferece um incisivo questionamento acerca da eficácia dos projetos educacionais de danças de matriz africana no que diz respeito a seu impacto no modelo tradicional, ou seja, colonial, de ensino. Piedade Videira, no capítulo quatro, explora possibilidades que o ensino da dança proporciona para a promoção de debates sobre demandas de ordem étnico-raciais que fomentariam um melhor entendimento das razões da existência de determinadas desigualdades sociais. Danielle Robinson e Jeff Packman contextualizam e analisam projetos de atividades extracurriculares dedicados a recuperar a memória cultural, por meio, principalmente, do samba-de-roda, em localidades ameaçadas tanto pela violência decorrente do tráfico de drogas quanto da influência de expressões musicais alheias à tradição local. Dois capítulos que trazem relatos pessoais [End Page E4] de experiências comunicadas e mediadas por um olhar arguto de pesquisadoras especializadas formam a terceira parte do livro. No capítulo seis, Nadir Oliveira demonstra como, apesar dos muitos avanços decorrentes de ininterrupto ativismo e conquistas jurídicas, a mudança da postura negativa—que é um legado do processo de criação da imagem de inferioridade atribuída às pessoas de descendência africana e às suas práticas—em relação a corpos negros que dançam, e em geral, ainda é um objetivo a ser atingido. Deborah Thomas, no capítulo sete, reencena textualmente sua experiência de aprendizado das formas de dança e cultura vivendo como estrangeira na Bahia no final de década de 1980 e início da década de 1990, sem deixar de tocar em...

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