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  • Entrevista com o Dr. Severino Albuquerque
  • Antonio Luciano Tosta and Robert H. Moser, O editor

Para esse número especial sobre literatura brasileira, o Latin American Theatre Review (LATR) teve o prazer de entrevistar Severino Albuquerque, Professor Emérito de Português da University of Wisconsin, Madison. Prof. Albuquerque é um dos pioneiros no estudo do teatro brasileiro nos Estados Unidos. Ele possui Mestrado em Literatura Americana e Doutorado em Literatura Comparada pela University of North Carolina Chapel Hill. O tema de sua tese de doutorado foi violência no teatro Latino-Americano. Uma versão substancialmente revisada desta tese virou seu primeiro livro, Violent Acts: Contemporary Latin American Theater (1991). Em 2004 ele publicou Tentative Transgressions: Homosexuality, Aids, and the Theater in Brazil, obra que ganhou o prêmio Roberto Reis Award da Brazilian Studies Association em 2005 para melhor livro sobre o Brasil publicado no período de 2003–05 e em 2008 recebeu o Elizabeth Steinberg Award da editora UW Press para o melhor livro publicado pela editora de 2003–08. Ele editou Nabuco e Wisconsin: Conferências nos Estados Unidos em 2010 e co-editou (com Kathryn Sanchez) Performing Brazil: Essays on Culture, Identity, and the Performing Arts em 2015. Sua pesquisa também aparece publicada em numerosos capítulos de livros e como artigos em revistas acadêmicas.

O trabalho de Severino Albuquerque como professor também recebeu importante reconhecimento. Entre esses prêmios está o John Liddy Phelan Award (1992) e o Chancellor’s Distinguished Teaching Award (2002). A sua generosidade e dedicação enquanto mentor são conhecidos pela comunidade acadêmica. Ele dirigiu dez teses de doutorado, e alguns destes alunos agora seguem seus passos como pesquisadores do teatro brasileiro e latino-americano. Ele foi um dos fundadores da Midwest Association of Brazilian Studies (MABS), que mais tarde transformou-se na atual Brazilian Studies Association. Parte importante da sua ampla contribuição para os estudos [End Page 169] brasileiros nos Estados Unidos também está no seu papel como co-editor da revista Luso-Brazilian Review, que desempenhou por 18 anos. Igualmente significante foi seu trabalho como membro do Conselho Diretor (Advisory Board) do LATR. Por 28 anos ele foi uma peça chave para a disseminação da pesquisa sobre teatro brasileiro.

Levando em conta a amplidão desta pergunta, você poderia comentar sobre tendências importantes do teatro brasileiro ao final do século XX e princípios do XXI?

Antes de mais nada, ao considerar o teatro brasileiro como um todo, infelizmente podemos ver a continuada separação entre o chamado eixo Rio-São Paulo e o restante do país. Nas últimas décadas tem havido uma maior conscientização da existência deste “divide”, para usar o termo inglês, mas os fatores que levaram a esse estado de coisas são complicados e de longa data. Um desses fatores é a dependência em iniciativas governamentais na área da cultura, com o agravante de que nos últimos anos os incentivos originados da área oficial têm sido poucos e ineficazes, e tendo em vista os resultados das eleições de outubro de 2018, o que vem pela frente não parece promissor. A meu ver, essa divisão vai ficando cada vez mais acentuada com a maior atividade do teatro paulista (que vem deixando para trás a cena carioca e o vibrante teatro que se faz no resto do país) e o maior interesse crítico dedicado a obras produzidas em São Paulo.

Essa efervescência da cena teatral paulistana na época explicitada na sua pergunta se deve em grande parte à passagem, em 2002, da Lei do Fomento ao teatro para a Cidade de São Paulo. Sem entrar nos detalhes do movimento (Arte contra a Barbárie) que levou à passagem da Lei nem nas condições extra-artísticas que levaram ao abandono do modelo de incentivos fiscais previamente adotado, o novo modelo de financiamento direto tem tido (apesar de percalços recentes) muitos resultados positivos, com um aumento grande da atividade teatral. Levou à criação de novos espaços teatrais e de dezenas de grupos novos, como o São Jorge, Mundana...

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