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  • Prática de filologia e cena da palavra:Para que todos entendais − Poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra − Letrados, manuscritos, retórica, autoria, obra e público na Bahia dos séculos XVII e XVIII (Volume 5)
  • Ciro Soares dos Santos

O trabalho de apresentação, edição e notas dos pesquisadores Marcello Moreira e João Adolfo Hansen dedicado ao Códice Asensio-Cunha da poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra (1636-1695) é resultado de intenção da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) de fazer publicar os quatro volumes de poesias da época do Brasil colonial, manuscritos cujos originais estão sob cuidado da Biblioteca da Universidade Federal do Rio de Janeiro depois de pertencerem a Celso Cunha por doação de Eugenio Asensio em 1962 (O relato de gênese da edição, bem como de sua configuração da obra foi relatado por Hansen durante o Décimo Colóquio Barroco, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2014, por oportunidade do qual o pesquisador lançou a publicação gregoriana em conferência sobre a realidade poética em época de exclusivo comercial responsável por submeter o Brasil à condição de feitoria de Portugal com proibição de organizar imprensa). Convidado pela CAPES por seu reconhecido saber sobre os engenhos da sátira produzida na Bahia do século XVII, Hansen estendo o convite a Moreira por seu conhecimento de filologia inglesa após publicação do estudo recente Crítica textualis in caelum revocata?: uma proposta de edição e estudo da tradição de Gregório de Matos e Guerra, tese de Moreira orientada por Hansen. O quinto volume da série de cinco, distribuída pela editora Autêntica em 2014, embora com data de publicação de 2013, faz apresentação da obra gregoriana em diálogo-desdobramento das teses de Hansen (de 1988) e de Moreira (de 2003), conhecedores da história, da política e da literatura brasileiras, assim como clássica e latina. Trata-se de consolidação de trabalho de colaboração mútua em continuidade de relação orientador-orientando.

As 1942 (mil novecentas e quarenta e duas) páginas manuscritas do Códice, enumeradas por Silvia La Regina em estudo de 2013 Intertextos movediços: Gregório de Mattos, Rabelo e Pinto Brandão e por ela descritas como integradas por poemas, biografia, índices e [End Page 211] primeiros versos, foram minuciosamente estudadas por Hansen e Moreira. A Universidade de São Paulo (USP) faz publicar para que todos quantos tenham interesse venham conhecer, principalmente leitores especializados, não somente os poemas gregorianos, tomados por James Amado como base para a Crônica do viver baiano seiscentista, publicada em 1968, mas também um modo de fazer filologia desvinculado da busca por original copy-text ou best text relativos à vontade de um autor empírico, por psicologia autoral, por intenções subjetivas; antes preocupada com as noções de autor, público, leitura historicamente constituídas na circunscrição do século XVII em diálogo com condições poético-históricas da retórica grega de Aristóteles, da poesia latina de Horácio e Juvenal, da doutrina satírica de Quintiliano. As emulações de temas e gêneros associadas às recepções dos públicos da cena de composição e às condições das circunstâncias de leitura são detalhadamente apresentadas por Hansen e Moreira para mediar compressão dos poemas impressos nos cinco volumes com capas de Diogo Droschi sobre imagem de Ulisse Aldrovandi (1522-1605). As deformações e inconveniências formatadas de modo conveniente na desproporção proporcional às normas de elaboração poética, historicamente constituídas no século XVII, são figuradas pelas imagens do naturalista italiano. A exclusividade de livros impressos sob a guarda de jesuítas, carmelitas e membros de demais ordens católicas coexiste com a produção dos livros de mão nos quais a poesia gregoriana foi publicada. O estudo desse objeto editorial foge a categorias burguesas e românticas de autoria, leitura...

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