Abstract

O pai exerce um papel fundamental na cultura brasileira em termos reais e simbólicos. Sua posição na família atinge a identidade de todos os seus membros e sua influência estende-se muito além dos limites da casa, moldando as hierarquias de poder e as dinâmicas de gênero, classe e raça. Dado o seu poder na cultura, talvez sejam inevitáveis as muitas e várias ansiedades paternais expressas na produção literária. Durante o período da ditadura militar, por exemplo, a figura do pai na produção literária não pôde deixar de ser identificada com o governo autoritário e paternal. Metaforicamente, o patriarca virou a autoridade contra a qual muitos escritores desenvolveram projetos de resistência e revolução e o progresso social tem sido caracterizado como uma derrota do pai e seus antigos valores. O objetivo deste trabalho é analisar a figura do pai e a masculinidade heterossexual no romance contemporâneo O filho eterno de Cristovão Tezza. De forma inusitada, este romance oferece um novo olhar sobre a masculinidade. Por um lado, o romance revela como o discurso patriarcal continua presente na cultura, mas por outro imagina e proporciona à masculinidade e ao pai novas formas de ser que não sejam autoritárias.

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