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72ROCKY MOUNTAIN REVIEW Malcolm Silverman. Moderna ficqßo brasileira. Rio de Janeiro: Editora Civilizaçao Brasileira, 1978.228 p. No seu primeiro trabalho publicado em livro, Malcolm Silverman parte da necessidade de combater a ausencia de urna valorizaçâo interpretativa e compreensiva dos clássicos da narrativa mais recente do Brasil. Nessa ordern de idéias, Moderna ficçao brasileira, resultado de sete anos de pesquisa, vem agora oferecer tanto ao "brazilianist" como ao nao-especialista a materia prima para julgar treze vultos dos atuais romance, novela e conto. Dividido em outros tantos capítulos, cada um dedicado a um determinado ficcionista, o livro analiza nao poucas obras, procurando deter-se e aprofundar sobre as principáis. Mesmo assim, Silverman nâo deixa de prover informaçoes gratas para urna grande variedade de leitores. E nesse sentido que se pode compreender por qué junto com o escrutinio do aparato técnico e dos objetivos artísticos dos respetivos autores acham-se pequeños resumos do argumento de certas obras, dados biográficos, e referencias ao lugar de destaque dos ficcionistas na historia literaria nacional bem como naquela de sua regiâo natal. O mesmo processo eclético registra-se na escolha desses autores, na composiçao dos capítulos, e, afinal, na procedencia e natureza das fontes bibliográficas. De fato, desde as primeiras páginas nota-se já a intençâo do autor de apresentar a um público internacional, em forma de mosaico, escritores que desvendam, através de obras pela maior parte dispares e confutantes em suas tendencias estéticas, o carácter complexo, multifacetado do brasileiro de nossos dias. Típica das felizes observaçoes ao longo do livro é a seguinte concernente a semelhança e a disparidade na técnicada caracterizaçao de dois notaveis ficcionistas preocupados com o drama existencial de suas personagens: ". . . tipos introspectivos, nao raro toscos, imersos no ambiente áspero que os modela e condiciona. E certo que, onde Guimaraes Rosa inventa, Adonias Filho simplesmente adapta" (p. 10). Moderna ficçao brasileira é no seu conjunto um pot-pourri de trabalhos, alguns deles transplantados de revistas onde apareceram em forma de artigos com tema central (i.e., "Autran Dourado e o romance introspectivo regional", "Algumas observa çoes sobre as personagens de Jorge Amado", etc.), outros preparados expressamente para inclusao no volume. Numa e outra categoría de ensaio percebe-se o constante cuidado por fornecer ao leitor o mais vasto panorama possivel de quase meio século de produçao ficcional, tendo sempre a mira na análise do processo criador subjacente. Entende-se bem portanto que nem sempre consegue o livro atingir plenamente essas metas, isso devido sem dûvida à falta de espaço e a probabilidade que Silverman esteja aprontando um segundo volume. Conspicua, por exemplo , é a omissao de qualquer estudo sobre Guimaraes Rosa, Moacyr Lopes, Rui Morâo, Hilda Hilst, Nélida Piñón, Osman Lins, etc. — urna geraçao toda de experimentalistas que se inscrevem na prosa de "transgressao" ou ruptura e possivelmente o melhor acervo da ficçao brasileira das últimas duas décadas. Aínda nessa linha, tendo presente os fins orientativos do livro, pode-se compreender por que Silverman nao se extende mais em algumas de suas fejizes análises, sobretudo aquelas em torno as técnicas narrativas, a caracterizaçao e o simbolismo de Adonias Filho, Oswaldo Franca Júnior e Dalton Trevisan. O mesmo cuidado por sondar em amplitude e profundidade a crítica em curso vem a produzir urna porçao de fontes bibliográficas que abrangem desde a monograf ía séria e detida (Benito Nunes, O mundo de Clarice Lispector) até a coluna literaria em jomáis e revistas semanais, e destas últimas a informaçôes providas pela capa dum livro. Em resumo, este primeiro livro de Silverman merece ser elogiado, antes de mais nada, por seu carácter orientativo e eclético que torna possivel o entendimento da BOOK REVIEWS73 atual ficcao brasileira, seus autores, obras e diretrizes. Mais do que isso, a leitura agradável e informativa de Moderna ficçao brasileira taz. aguardar agora um segundo volume em que se complete o diligente e valioso trabalho iniciado tao...

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