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Reviewed by:
  • Immigration and Xenophobia: Portuguese Immigrants in Early 19th Century Rio de Janeiro
  • Elaine Meire Vilela
Barbosa, Rosana. Immigration and Xenophobia: Portuguese Immigrants in Early 19th Century Rio de Janeiro. Lanham, Maryland: UP of America, 2008. Bibliography. Index. 180 pp.

O livro de Barbosa trata da história do processo migratório dos portugueses para o Brasil na primeira metade do século XIX, especificamente para a cidade do Rio de Janeiro, tendo como foco de estudo a constituição do sentimento de xenofobia dos brasileiros. [End Page 165]

A autora inicia a obra demonstrando que os imigrantes portugueses receberam pouca atenção dos historiadores, brasileiros principalmente, embora a imigração portuguesa tenha sido de grande importância para a história do país. As possíveis explicações para isso, segundo a autora, referem-se à falta de documentação e ao fato dos portugueses terem sido considerados colonizadores mais do que imigrantes. Vale destacar que esse "desprezo" pelos portugueses não foi uma particularidade dos historiadores, mas dos cientistas sociais em geral. Chamo atenção para esse capítulo, uma vez que o mesmo é uma exímia revisão da bibliografia sobre o tema, onde Barbosa apresenta os méritos e deméritos dessas publicações.

No segundo capítulo, a autora afirma que os fluxos de imigrantes portugueses para o Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX foram bastante significativos, apesar de haver quem argumente o contrário. Segundo ela, essas fontes desconsideraram a entrada de muitos imigrantes portugueses não documentados, o que impede o cálculo real do número desses imigrantes na cidade.

Em seguida, Barbosa desenvolve uma pesquisa histórica rica de detalhes que apresenta uma análise do processo de migração dos portugueses para o Brasil e da inserção deles no mercado de trabalho. Segundo a autora, o principal fator de migração era o econômico. Naquele momento, Portugal passava por vários problemas sociais e econômicos e o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro, vivenciava um significativo crescimento econômico, desde o início do século XIX. A cidade tornou-se o destino favorito dos imigrantes portugueses, que se inseriram em ocupações na área urbana, principalmente, como "caixeiros" (balconistas) e comerciantes (vendedores). Muitos portugueses eram proprietários de pequenas lojas que vendiam produtos para a população mais carente, ao contrário dos franceses, que eram donos de lojas grandes e luxuosas.

De acordo com esse estudo, as oportunidades de trabalho para pessoas jovens tiveram efeito sobre a estrutura de idade dos imigrantes portugueses que entraram no Rio de Janeiro naquela época. Dessa forma, o percentual de portugueses com menos de 20 anos de idade que entrou na cidade foi de mais de 50%. Esse quadro foi diferente para os outros estrangeiros que tinham um percentual maior de pessoas mais idosas.

Barbosa mostra como a elite governamental local percebia a entrada de portugueses para aquela cidade. Dado o interesse dos governantes em uma imigração de brancos para o país, com o intuito de criar a "nação branca," a visão da entrada daqueles imigrantes era positiva. O medo constante da revolta dos negros e a preocupação com a "africanização" do povo brasileiro fez com que a elite incentivasse a imigração de trabalhadores brancos, incluindo os portugueses. Embora existisse um sentimento anti-português em expansão, advindo da população, a elite brasileira aceitou e estimulou a entrada de imigrantes portugueses no país. Ressalto que a identificação dessa contradição entre os pensamentos da elite e do povo, no Brasil, quanto aos imigrantes internacionais, é algo novo, sendo mais um mérito desse trabalho. [End Page 166]

O uso, pela autora, de variadas fontes de dados (manuscritos, testamentos, jornais, livros e artigos) permitiu a ela traçar, com competência, o processo de constituição de um sentimento de xenofobia, ou melhor, lusofobia dos brasileiros, sendo esse outro trunfo desse livro. A animosidade de brasileiros aos estrangeiros cresceu no Rio de Janeiro, depois da independência do país. Os soldados estrangeiros pagos (alemães e irlandeses, principalmente) e os ingleses estavam sujeitos à avers...

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