In lieu of an abstract, here is a brief excerpt of the content:

Reviewed by:
  • Brazil: A Century of Change
  • Pedro Robson Pereira Neiva
Sachs, Ignacy, Jorge Wilheim, and Paulo Sérgio Pinheiro, orgs. Brazil: A Century of Change. Chapell Hill: U of North Carolina P, 2009. 364 pp.

O livro foi publicado originalmente em português em 2001 e está sendo agora apresentado em uma oportuna versão em inglês. É composto de um prefácio e quatorze artigos, que fazem um apanhado das transformações pelas quais o Brasil passou no século XX. Não se trata de uma obra essencialmente acadêmica, mas de uma coletânea de ideias, pensamentos e visões diferenciadas sobre a história mais ou menos recente do país e de algumas discussões sobre seus problemas atuais e perspectivas futuras. Acredito que isso se deve ao perfil de grande parte dos autores, que contam com experiência política e/ou administrativa, além da sua sólida formação acadêmica. Dos quinze que participaram da elaboração do livro, nove exerceram cargos expressivos em diferentes governos como ministro, secretário de estado, governador. Os outros exerceram consultoria para governos ou foram dirigentes de institutos de pesquisa. [End Page 155]

Os artigos tratam de assuntos diferenciados, com uma grande variação em termos de profundidade, de extensão e de qualidade. No primeiro deles, Hervé Thery faz um mapeamento do crescimento populacional, do GDP, do nível de inflação, do número de eleitores, e do grau de urbanização. No capítulo seguinte, Afrânio Garcia e Moacir Palmeira avaliam a transformação experimentada nas áreas rurais e a migração urbana. Celso Lafer nos mostra a influência do Barão do Rio Branco na nossa política externa, na negociação das fronteiras e na relação com os vizinhos. Renato Ortiz fala da expansão do rádio, do cinema e da TV e como eles contribuíram para a construção de uma certa "brasilidade." Bresser-Pereira mostra como o Brasil se transformou de um estado patrimonial, autoritário e oligárquico em um estado burocrático-administrativo e democrático. Paulo Sérgio Pinheiro argumenta que o desrespeito aos direitos humanos, o uso excessivo da força e a violência policial mancham a democracia no país. José Lourenço trata dos ciclos de produção, das questões ambientais e demográficas na região amazônica. Cristóvam Buarque nos brinda com uma interessante reflexão sobre a dívida do Brasil com a região nordeste e questiona o pensamento de que a pobreza se erradica com o crescimento econômico. Gilberto Dupas apresenta os desafios que o país enfrenta na era da globalização e a sua vulnerabilidade à entrada e à fuga de capitais. Jorge Wilheim avalia o crescimento das cidades, a expansão da agricultura de exportação e a migração para a parte ocidental do país.

A conexão entre os artigos é tênue. Além da diversidade de temas, isso pode ser explicado pela heterogeneidade entre os autores. Ainda que se conheçam entre si, há pouco em comum entre eles, além de se tratar de tomadores de decisão. Quanto à formação ou à área de atuação principal, por exemplo, verifica-se o seguinte quadro: cinco economistas, três cientistas sociais, dois engenheiros, um antropólogo, dois cientistas políticos, um arquiteto e um geógrafo. Alguns têm vínculo partidário, especialmente com o PSDB; mas há também filiados ao PT, ao PDT e ao PV. A maioria fez carreira profissional em São Paulo, Rio de Janeiro ou Brasília.

A despeito da pouca convergência e da falta de conexão entre os artigos, é possível identificar algumas percepções comuns, que acabam aparecendo como os aspectos mais relevantes para discutir o Brasil e os seus problemas atuais. Um deles diz respeito à forte transformação demográfica vivenciada pelo país no século passado; basicamente, o processo de urbanização acelerado, o mais expressivo da história da América Latina. Conforme aponta Hervé Thery no artigo inicial do livro, o país saiu de uma...

pdf