Abstract

Se os anos setenta e oitenta são fecundos em memórias e ficções da Guerra Colonial, a partir da década de noventa atesta-se uma tendência da ficção portuguesa de temática africana de apropriar-se da figura e da experiência multigeracionai do colono para, assim, analisar o passado do Portugal colonial e a ruína do último império. Neste ensaio lêem-se romances de quatro escritores portugueses consagrados, Maria Isabel Barreno, Miguel Sousa Tavares, António Lobo Antunes e Eduardo Bettencourt Pinto. Procura-se reflectir sobre a contribuição do romance de revisitação africana e, em particular, sobre as imagens da família portuguesa além-mar, das entidades colonizadoras e do retornado. Através destas quatro vozes do romance actual, examina-se, por um lado, a emergência de novas e renovadas perspectivas acerca do projecto colonial português em África e, por outro lado, a criação de um espaço de decantação através do qual se indaga criticamente sobre a identidade nacional portuguesa no contexto do colonialismo e do pós-colonialismo.

pdf