Abstract

Este artigo examina as carreiras de um pequeno número de homens de origem ou descendência africana que fizeram parte de uma elite militar do império português: comandantes da “Guerra Preta” e comandantes dos terços de tropas negras. O mais famoso deste grupo é o Marechal Henrique Dias, um “homem preto”, plenamente reconhecido como um comandante chave nas lutas para expulsar os holandeses do nordeste do Brasil no século XVII. A instabilidade apresentada pelas lutas dos portugueses contra os holandeses, quilombolas, e populações indígenas no Brasil e na África no século XVII e no começo de século XVIII abriram estreitos caminhos de mobilidade social para os comandantes de cor que prestaram serviços militares significantes à Coroa. Alguns conseguiram títulos de nobreza e entraram para as mais exclusivas Ordens Militares como recompensa por seus feitos. Mas no começo do século XVIII, esta porta de entrada para tais ordens militares se fechou para os comandantes negros. Este artigo explora como a cor destes oficiais virou um motivo em si para justificar sua exclusão destes redutos da mais alta nobreza portuguesa e contempla suas implicações para a história das hierarquias de cor no mundo atlântico.

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