Abstract

Um desastroso extermínio de pássaros ocorreu no Brasil durante as primeiras décadas do período republicano, quando o comércio de penas atingiu níveis estrondosos. Os primeiros protestos contra tal situação vieram de naturalistas atuantes nos museus de ciência brasileiros, através do delineamento de dois argumentos principais. Em primeiro lugar, esses cientistas criticavam um liberalismo permissivo do Estado Republicano, responsável pelo abandono dos recursos naturais sem qualquer tipo de proteção. Em segundo lugar, tentavam persuadir os agricultores da utilidade dos pássaros, na maioria insetívoros, e cuja preservação seria absolutamente essencial para manter o equilíbrio natural, um dos pré-requisitos para a continuidade do crescimento econômico e para a construção de uma Nação moderna. Após 1930, com a centralização política promovida por Vargas, o argumento da utilidade dos pássaros foi empregado no reforço de valores morais do regime autoritário, em representações antropomórficas do meio natural.

Disastrous bird extermination occurred in Brazil during the first decades of the newly established Republic. The trade in feathers reached striking levels. The first voices crying out against this situation came from naturalists who worked at the Brazilian Museums, who outlined two main arguments. First, they criticized what they considered a permissive liberalism of the new Republican State that left the natural resources without any kind of protection. Second, they tried to persuade the farmers that birds, which are mainly insectivores, were absolutely essential to maintain equilibrium in nature. This equilibrium would emerge as a prerequisite to sustain the continuity of the economic growth and the construction of a modern nation. After 1930, with the political centralization promoted by Vargas, the argument of the birds' utility was employed to reinforce moral values of the authoritarian regimen in an anthropomorphic representation of the natural environment.

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