Abstract

O jovem antropólogo Buell Quain, colega de Claude Lévi-Strauss e alunopredileto de Ruth Benedict, prometia tornar-se uma figura proeminente nasua área. Aos 27 anos, o ambicioso antropólogo viajou ao interior do Brasil para estudar a remota tribo Krahô que vivia na fronteira entre os atuaisestados de Tocantins e Maranhão. Em 2001, o ficcionista e jornalista brasileiro Bernardo Carvalho descobriu uma nota num artigo de jornal a respeito da morte assustadora do antropólogo norte-americano. O mistério tornou-se sua obsessão e a base do seu romance Nove noites, publicado em 2002. Carvalho cria duas vozes narrativas para destrinchar as incertezas relacionadas coma vida de Quain e a irresolução na tentativa de descortinar sua morte.O romance ressalta a relação entre a realidade e a ficção, o ato de construir uma personagem e os desafios inerentes à narração. Este ensaio examinacomo a ambigüidade através da qual Carvalho constrói as identidades das suas personagens recusa entendimentos redutivos da verdade, e incentiva oportunidades para a criatividade e agenciamento do leitor.

pdf