Abstract

Abordando a obra de Fernando Pessoa em um nível conceitual, e não poético ou estético, este ensaio identifica as realizações filosóficas do sistema heteronímico pessoano. Até agora, muitos críticos têm utilizado conceitos deleuzo-guattarianos como ferramentas para entender a poesia de Pessoa, mas poucos consideraram suas contribuições à filosofia através dos heterônimos. Em particular, sugiro que a heteronímia propõe uma rebelião filosófica composta de conceitos que antecipam as ideias posteriormente desenvolvidas por Gilles Deleuze e Félix Guattari, em obras publicadas décadas após a morte de Pessoa. Mais do que simplesmente “rizomática,” a heteronímia emprega macro e micromultiplicidades que constituem mutuamente sua estrutura; favorece modos de criação antilineares e anticartesianos a partir de uma evasão à influência literária hierárquica; e articula uma filosofia que depende de uma dimensionalidade interativa semelhante ao “plano de consistência” deleuzo-guattariano.

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