Abstract

No conto “A imitação da rosa”, incluído no volume Laços de família, a protagonista Laura negocia esquizofrenicamente papéis tradicionais da mulher. Estes papéis derivam-se da interação pessoal com as instituições de casamento, educação, medicina e religião na sociedade carioca. O desenvolvimento psicológico de Laura é ameaçado por conflitos entre, por um lado, o ímpeto de auto-realização e, por outro, a obediência. A fim de resolver essa contradição inerente, Laura recorre à obra quatrocentista A imitação de Cristo de Thomas de Kempis. A iminente loucura que Laura cultiva—resultante de uma criativa adaptação do texto de Kempis—também é facilitada por outra aproximação textual. No conto, Laura assimila, ainda que menos aparentemente, o Über-mensch, figura traçada em Assim falou Zaratustra, de Nietzsche. O propósito deste artigo é delinear o trajeto da loucura de Laura por meio de uma comparação da sua história com os textos de Kempis e Nietzsche.

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