Abstract

Este artigo apresenta uma análise do conceito de "dívida" em Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. O narrador, representante da elite brasileira do século XIX, imagina "dívida" sempre como dívida econômica que pode ser cumprida e então resolvida (ou melhor, desaparecida). Ele relata qualquer tipo de experiência humana com um vocabulário financeiro, se referindo a dívida como metáfora, mas essas metáforas são ao mesmo tempo brilhantes e enganadoras. A poesia dele é uma estratégia retórica, porque mesmo morto, o narrador continua fiel a sua classe. Seu privilégio social se manifesta em uma tendência a imaginar que existem certas pessoas bem-aventuradas pela Providência e essa classe de pessoas não deve nada a ninguém.

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