Abstract

A influência da tradição oral africana tem um papel indiscutível nas discussões da literatura luso-africana. Sem dúvida, este é o caso do romance Yaka (1984) do escritor angolano Pepetela. Em particular, o autor utiliza elementos folclóricos para efectuar uma reescrita da história nacional. Na primeira secção deste estudo, analiso o modo como o folclore, em termos gerais, funciona como uma historiografia alternativa e não oficial que existe paralelamente à retórica e aos discursos históricos do governo central. Na segunda secção apresento os argumentos básicos do discurso colonial do Estado Novo sobre as províncias ultramarinas, o qual deriva da escrita do antropólogo e sociólogo brasileiro Gilberto Freyre. Finalmente, na última secção, demonstro como Pepetela utiliza os elementos do folclore descritos na primeira secção para subverter a versão oficial da relação entre Portugal e as colónias descrita na segunda.

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