- Carnival
Our mouths sewn, stitch by stitch, with thin transparent baitline thread a slime of spittle, spectacle, an allure. Shallow hooded figures pale from a fear understood but never explained, a parade, singing that samba has no color. And we brag of our freedom in samba songs, while, at our side, all the trembling shadows of all our generations fight to revive, in our distracted memory, the always open wound of our daily Ash Wednesday.
We need, yes, to hang behind the door this screwed up fantasy disguise of a patience that sustains a myth of our feverish asylum until February next year.
- Carnaval
Nossas bocas costuradas, ponto a ponto, com o fio delgado e transparente da baba do engodo. Capuzes pálidos de um medo compreendido, mas nunca explicado, desfilam cantando que o samba não tem cor. E louvamos a liberdade em enredos, enquanto que, ao nosso lado, as sombras tremeluzentes de todos os nossos avós lutam para avivar, em nossa memória distraída, a chaga da sempre diária Quarta-feira de Cinzas.
Precisamos, sim, pendurar atrás da porta esta fantasia transada de paciência que escora com alegorias os nossos abrigos febris até fevereiro do próximo ano.
Reprinted by permission of the author.
Paulo Colina: escreveu um livro de contos Fogo cruzado e um livro de poesia, Plano de vôo. Editou o livro Axé—Antologia contemporânea da poesia negra brasileira.
Translated by Phyllis Peres and Jane Kamide with Reetika Vazirani and Chi Lam Paulo Colina has written a book of short stories, Fogo cruzado, and a book of poetry, Plano de vôo. He edited an anthology, Axé—Antologia contemporânea da poesia negra brasileira.