Abstract

This article takes issue with the common assumption that Dilma Rousseff's impeachment proceedings should be blamed on the revolts of June 2013. Rather than taking the ousting of the former President as the point of arrival of a causal chain, I privilege the June uprisings as the truly unique event in contemporary Brazilian politics. After analyzing the singularity and the multiplicity of the June revolts, I go on to argue that they laid bare and accelerated a profound crisis of Lulismo, emblematized in the collapse of its three major rhetorical strategies: antagonism (the constant search for an antagonist in the body politic), contradiction (the successive alternation between compromise and radicalism), and oxymoron (the simultaneous maintenance of antagonisms and contradictions). Looked at from the point of view of the epochal events of June, Rousseff's impeachment appears as a minor adjustment of the oligarchic pact, a charade that is fairly standard in Brazilian history. On the other hand, June remains open as a source of emancipatory impulses, as an event whose legacy is still in dispute.

Este artigo recusa a premissa comum de que a responsabilidade pelo impeachment de Dilma Rousseff deve ser atribuída às revoltas de Junho de 2013. Em vez de tomar a saída da Presidente como o ponto de chegada de uma cadeia causal, o artigo privilegia os levantes de Junho como um acontecimento verdadeiramente singular na política brasileira contemporânea. Depois de analisar a singularidade e a multiplicidade das revoltas de Junho, proponho a tese de que elas expuseram e aceleraram uma profunda crise do lulismo, emblematizada no colapso de suas três principais estratégicas retóricas: o antagonismo (a busca constante por um antagonista no campo político), a contradição (a repetida alternância entre radicalidade e conciliação) e o oxímoro (a manutenção simultânea de antagonismos e contradições). Observado do ponto de vista dos acontecimentos epocais de Junho, o impeachment de Rousseff aparece como um ajuste menor no pacto oligárquico, uma chicana bastante comum na história brasileira. Por outro lado, Junho permanece aberto como fonte de energia emancipatória, um acontecimento cujo legado ainda está em disputa.

pdf