Abstract

Este estudo propõe ler Esaú e Jacó (1904), de Machado de Assis, como uma desconstrução do romance realista/histórico tradicional através do uso de um forte componente alegórico. Como o romance reflete uma postura cética acerca do conceito da nação, especialmente da ideia de uma transição político-histórica da Monarquia para a República no Brasil, a leitura mostrará que Esaú e Jacó pode ser entendido como uma interrogação do próprio conceito de representação histórica, nacional e literária. No plano formal do texto, isto se revela através da preocupação explícita com questões de tempo e narração; no nível temático, evidencia-se por diferentes motivos relacionados com o problema da descontinuidade genealógica e familiar. A trama do romance—a rivalidade entre os irmãos gêmeos Pedro e Paulo na disputa do amor da jovem Flora—serve como ilustração “alegórica” da falta de identificação com a jovem República brasileira, mas também transcende esse contexto histórico.

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