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  • Os Seis poemas Galegos de Federico García Lorca e os cânones das literaturas espanhola, galega e portuguesa
  • Elias J.Joel R. Torres FeijóGômez

Seis Poemas Galegos (SPG, García Lorca 1935) é o livro editado na Galiza no século xx com mais edições, reimpressões, traduções, versões para suportes audiovisuais e multimídia; o de maior atenção da crítica literária especializada internacional, e centro de lutas e polêmicas. numerosos artigos e livros os analisam, estudam e difundem, e ocupa-ram amplos espaços da comunicação social. Poucas vezes um conjunto de 138 versos atingiu tanto interesse e continuada atualidade. Este artigo ocupa-se de Ernesto da Cal e Eduardo Blanco Amor, amigos de Lorca na década de 1930, e principais testemunhas desse produto, após os assassi-natos do autor andaluz e do editor Ánxel casal, os dous em agosto de 1936. Eles influíram para situar os SPG nos campos literários espanhol e galego; e Da Cal também no português, com resultado bem díspar.

1. A Amizade de garcía lorca, da cal e Blanco amor e os Spg

Ernesto Pérez Guerra (ou Güerra: Ferrol, 1911-Lisboa, 1994; desde o exílio nos EUA, onde adquiriu nova nacionalidade, Ernesto Guerra da Cal) estudou na Universidade Central de Madrid. Notícias de imprensa referem-no (Gibson, 1987; Gômez, 2009) como ator no grupo teatral Anfistora, dirigido por Lorca e Pura Ucelay; e o diplomata chileno carlos Morla Lynch (1957) testemunha o seu relacionamento com Lorca na casa madrilena de pablo Neruda. Após exilar-se, foi professor na Columbia University (onde se doutorou), New York University e City University of New York entre 1939 e 1977, além de investigador de [End Page 221] alargado reconhecimento, produtor literário, e colaborador na estação de rádio Voice of America. Nos campos Científico/dos Estudos Literários e Literário ocupou-se de Lorca várias vezes. Porém, e apesar de lho terem demandado reiteradamente, o seu posicionamento sobre os SPG foi de silêncio e prudência até a derradeira década da vida.

Eduardo Blanco Amor (Ourense, 1897-Vigo, 1979) teve no jornalis-mo uma das principais dedicações profissionais. Participou também nos campos literário e teatral, e mais tangencialmente no do ensino. Foi-lhe apresentado Lorca por Da Cal, e é na atualidade referência (García Lorca 1988) para o estudo de Diván del Tamarit e seis Poemas Galegos. Ele conseguiu que Lorca lhe entregasse os SPG, encontrou o editor, e redigiu o prólogo. Ocupou-se de Lorca muitas vezes, sendo os SPG o centro das suas intervenções, oferecendo versões não sempre coincidentes.

Os SPG podem estudar-se em três períodos de 25 anos, que eviden-ciam o conhecimento sobre eles: 1935-1960, 1961-1985 e 1986-2010, até a atualidade.

1.1. De 1935 a 1960

O livro teve recepção na Galiza em 1935 e 1936 por elementos de diverso mas importante destaque no campo inteletual galeguista da altu-ra, como Álvaro Cunqueiro (duas vezes), Antón Villar ponte, Ánxel Fole, Luís Manteiga, Roberto Blanco Torres, Augusto Maria Casas e trabalhos anônimos na imprensa. Valorizam que Lorca utilizasse o galego como grande ajuda para prestigiar o idioma autóctone, que ocupava espaços pouco significativos na comunicação social, no ensino e no âmbito insti-tucional. Davam-lhe destaque, juntamente com o rei Afonso X, dentre as pessoas não galegas que poetaram no idioma. Essas referências implica-vam no produto só três nomes: Lorca, Casal e Blanco Amor.

As Obras Completas (García Lorca, 1938) incluem os SPG, princi-piando a sua internacionalização. Também se publica (García Lorca, 1941) a primeira tradução, para espanhol, a que seguirão outras em décadas posteriores, um processo que acompanha os de canonicidade de García Lorca e de internacionalidade da sua produção.

O nome de Ernesto Da Cal (Perez Guerra) relaciona-se com os SPG em El Español, de Madrid, onde afirma o crítico...

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