In lieu of an abstract, here is a brief excerpt of the content:

UMA NOVA LINGUAGEM PARA UM NOVO SÉCULO: 1808 DE LAURENTINO GOMES por Monica Rector University of North Carolina at Chapel Hill FOI a seguinte anedota que me levou a escrever este artigo. Todos os anos visito minha neta, de quatro anos, no Rio de Janeiro. Da última vez, a mãe dela me disse que agora Laura estava aprendendo História na escola (Aprendiz). Qual a minha surpresa quando ela começa a contar que o Brasil tinha um rei medroso que não tomava banho, e quando tomava, era levado numa tina pelos empregados e que guardava coxinha de galinha no bolso porque era guloso. [Entre risos e sorrisos continua...] A rainha era feia e teve que cortar o cabelo porque estava cheio de piolhos. As pessoas não tinham modos e comiam com a mão... Olhei estupefata para minha filha e ela me disse que a vinda da família real era o projeto que estava sendo estudado na escolinha – as crianças ainda não estão alfabetizadas. O interesse pela História de uma menina de tão pouca idade me chamou a atenção e, em seguida, fui comprar a obra. Duvido que Laurentino Gomes saiba que 1808 também desperta o interesse da faixa etária infantil. O objetivo deste artigo é mostrar como numa nova era, em que a tecnologia predomina e os interesses são cada vez mais dispersos, a repetição de formas já conhecidas não consegue mais atrair o público comum. Uma nova linguagem tem que ser usada para atrair o leitor, não importa qual seja o campo de conhecimento. Por linguagem, entendemos qualquer forma de comunica- ção, seja verbal ou não, como é o caso da obra em pauta, que passaremos a analisar. Há anos a revista Harvard Business Review publica artigos densos e analíticos , mas ao alcance de qualquer leitor, quer quanto ao conteúdo, quer quanto à forma usada. Este é o caso de 1808, de Laurentino Gomes. Por meio da 141 acessibilidade e da dessacralização da linguagem, o autor conseguiu vender milhares de exemplares de um livro de História. Veremos os meios e a estrutura utilizada para tal êxito, deixando de lado os méritos do Marketing e o acesso que Gomes tem aos meios de comunicação. O AUTOR Laurentino Gomes é brasileiro, natural do Paraná (Maringá), é membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, fez pós-graduação em Administração pela Universidade de São Paulo e cursos de especialização na Inglaterra e nos Estados Unidos. Em 31 anos de profissão trabalhou como repórter e editor para alguns dos principais veículos de comunicação do Brasil, incluindo o jornal O Estado de São Paulo e a revista Veja. Com o livro 1808 ganhou o Jabuti, considerado o mais tradicional prêmio de literatura do Brasil, em duas categorias: de melhor livro-reportagem e de Livro do Ano de não ficção. A obra recebeu tamb ém o prêmio de Melhor Ensaio, Crítica ou História Literária de 2008 da Academia Brasileira de Letras. Experiência e paixão pela escrita não lhe faltam, pondo seus conhecimentos para reavivar a História do Brasil, dando a ela seu devido lugar. De jornalista , o autor passou a historiador. O HISTORIADOR Um título universitário concede a qualquer indivíduo, como é o caso de Gomes, o status de pesquisador, inicialmente em uma determinada área de conhecimento. No caso de Gomes, a pesquisa pode ser extrapolada uma vez que o jornalista não trata de um tema específico. Em entrevista a Nahima Maciel , perguntado se Gomes se sentia como jornalista ou historiador diante de sua obra, o autor respondeu: A única diferença entre fazer um livro e uma matéria para um jornal ou para uma revista é a extensão e a profundidade da pesquisa. O livro é muito mais profundo, extenso e detalhado. Mas a técnica de apuração e edição é mais ou menos a mesma. Considero [1808] a maior reportagem que fiz na vida...

pdf

Share