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Reviewed by:
  • An Invisible Minority: Brazilians in New York City
  • José Carlos Sebe Bom Meihy
Margolis, Maxine L. An Invisible Minority: Brazilians in New York City. Revised and expanded edition. Gainesville: UP of Florida, 2009. 147 pp.

No começo da década de 1990 Maxine L. Margolis inaugurava estudos sobre a presença de brasileiros em Nova York. À época a aventura parecia exótica e sem dimensão, pois o número desses imigrantes, apesar de expressivo, era muito menor do que hoje e a inexistência de pesquisas anteriores impunha interrogação: afinal haveria justificativa para tanto? Decorridos mais de quinze anos, a proposta pioneira de Margolis se mostrou fecunda e modelar. Desde então vasto número de pesquisadores interessados-norte-americanos ou brasileiros-so-mam artigos, teses, análises estatísticas afeitos ao tema.

Alguns pressupostos plantados naqueles dias foram revisitados pela autora, que partiu de elementos concretos que serviram de base para a proposta de então: o papel dos brasileiros na onda dos novos imigrantes que chegavam aos Estados Unidos; a invisibilidade de alguns grupos no conjunto globalizante da imigração novaiorquina – e aí dos brasileiros; estratégias de sobrevivência e efeitos contextuais da aventura emigratória em processos de aceitação e recusa do novo ambiente cultural e de sua projeção alhures. Em termos de Brasil, ciente de que naqueles dias a cidade de Governador Valadares em Minas Gerais era o pólo mais expressivo desse movimento, centrou-se no fluxo de mineiros como raiz a ser expandida.

A perspectiva antropológica (observação participante) a levou à pesquisa de campo apoiada em questionários e em entrevistas onde a voz do "informante" dava sentido aos argumentos teóricos. Valendo-se do recurso da formação progressiva de rede (snow ball), soluções grupais foram formuladas como meio para a definição de atitudes e comportamentos. Desdobramento natural do trabalho em um ano sabático em Nova York, uma posterior visita de três semanas à cidade mineira permitiu dimensionar o fenômeno em seus efeitos mineiros.

Preocupada em definir o problema da nova emigração, as bases usadas são objetivas e coerentes com a tradição acadêmica que se detém nos fatos e em suas motivações mais comuns. A compatibilização entre recursos conceituais consagrados pelos saberes disciplinares motivaram o exclusivismo de conclusões sociológicas que foram garantidas por recortes ou exemplos derivados das vozes dos emigrantes. A fidelidade metodológica é um dos méritos (re)definidos neste texto que, em seis capítulos e um posfácio, num total de 147 páginas, dá conta de aspectos da mobilidade global e do papel dos brasileiros neste fluxo. Mantendose como parâmetro a estudos diferentes, preocupados com aspectos subjetivos, o texto de Margolis sustenta-se pela reafirmação de conclusões que seguem sólidas. Juntos aos novos estudos, contudo, o texto pioneiro sugere outro questionamento importante: para onde vão os estudos sobre a emigração brasileira?

Decorrido o tempo, agora, à luz de parte da nova literatura sobre o assunto, o texto publicado em 1994 sob o mesmo título é expandido, alargando a análise para outros espaços constelares a Nova York. O alargamento da pesquisa, porém, não diminui o papel da Big Apple para onde a atualização da análise retorna. Permanece, porém o questionamento básico: a questão da invisibilidade. [End Page 154] Para responder ao problema da não visibilidade Margolis se vale da falta de documentação legal – autorização de trabalho ou residência permanente – que antes perfazia cerca de 50% e agora chega a 70%. De outra forma, a autora confirma a continuidade do ingresso de brasileiros e sustenta a criação de uma cultura de vivência clandestina. Considerando os números oficiais, a autora não se aventura em suposições possíveis ou projeções, mas mesmo assim traça um quadro realista que na nova edição é atualizado com comparações principalmente com Boston e regiões vizinhas.

A ênfase na referenciação dos dados demográficos (ou na ausência deles) organiza os argumentos segundo motivações práticas...

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