Abstract

O presente artigo oferece uma aproximação teórica, analítica e histórica à vida e obra de Olympio Guilherme, jornalista, ator, cineasta e finalmente romancista, cuja produção literária e cinematográfica hollywoodiana é sem par nas letras brasileiras. A breve carreira de Guilherme é especialmente notável porque foi narrada quase totalmente por ele mesmo. Trata-se, porém, de uma narrativa baseada principalmente numa série de fracassos pessoais. Apesar de ter vencido ainda no Brasil um concurso para atores promovido pela Fox, que o leva para os Estados Unidos em 1927, Guilherme nunca chegou a se tornar uma estrela de Hollywood. Embora ele tenha tentado criar sua própria celebridade produzindo um filme semi-autobiográfico (Fome) sobre as lutas de um ator latino-americano em Hollywood, o filme, não obstante suas várias inovações técnicas, não conseguiu nem público nem crítica favorável. Os vários desencontros quixotescos de Guilherme serviram de base às suas várias crônicas publicadas na revista carioca Cinearte. Mais tarde, Guilherme converteu em ficção suas experiências como ator e jornalista no romance Hollywood, o qual constitui uma crítica amarga não somente à comercialização da indústria cinematográfica nos primórdios do cinema falado (nesse sentido, trata-se do primeiro romance sobre Hollywood de um escritor brasileiro e um dos primeiros de um latino-americano), como também uma defesa da expressão artística "pura" diante dos avanços implacáveis da cultura de massa norte-americana.

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