Global Environmentalism and Local Politics: Transnational Advocacy Networks in Brazil, Ecuador, and India (review)

Diferentemente da maioria da literatura sobre o tema, o livro de Maria Guadalupe Moog Rodrigues não trata do funcionamento e do impacto de networks sobre o ambiente global, ou seja, sobre o Estado-nação ou as ONGs de inserção transnacional, nem prioriza a ação dos atores não estatais nos lobbing governamentais, na formulação de tratados, na atuação de organizações internacionais em geral ou nos regimes internacionais de meio ambiente. O livro, fruto da pesquisa de Ph.D. da autora, se diferencia e traz novidades metodológicas para o campo de estudos sobre meio ambiente e a ação das transnational advocacy networks,¹ principalmente porque aborda a estrutura das redes desde aspectos da política doméstica. Mais apropriadamente, Rodrigues redireciona o leme das investigações sobre a eficiência e a importância das redes para compreender as razões internas que levam aos resultados alcançados. Os efeitos das networks na política local e o fortalecimento dos membros locais que delas participam dependem do papel estratégico exercido por aqueles que não são apenas defensores de ideais e princípios de direitos, mas que possuem interesse material e direto nas conseqüências de seu sucesso.

Os atores locais são os membros das redes que defendem interesses parciais porque serão os mesmos a serem beneficiados com os efeitos das mudanças de políticas defendidas pelas networks. Além disso, estes são fortemente afetados no seu poder e capacidade de ação; interferência e influência local, somente ocorrem quando estão ancorados em networks bem sucedidas. Não se está negando contudo o espectro amplo e global de influência das redes. O que a obra acrescenta são novas perspectivas sobre os efeitos da transnacionalidade e da ação de atores não estatais no ambiente da política local.

O livro se divide em oito capítulos. O primeiro é a Introdução, onde a autora apresenta seus conceitos-chave, questões e metodologia de pesquisa dos casos concretos pesquisados. Na introdução, Rodrigues cita o tributo do livro de Keck e Sikkink (1998)² sobre o papel dos ativismos além das fronteiras e a importância das ONGs nas networks que visam influenciar políticas (local, nacional e internacional) e defender direitos. Segundo a autora, as networks se tornaram um dos mais ativos grupos de atores não estatais em certas áreas em que a política atravessa os interesses e as fronteiras nacionais (como direitos humanos e meio ambiente, por exemplo). Neste sentido, as pesquisas de campo realizadas e descritas no livro foram conduzidas no sentido de se definir uma perspectiva de mensuração do sucesso de networks ambientalistas transnacionais na efetiva proteção do meio ambiente local, e não apenas no fortalecimento de ideais e princípios imateriais sobre preservação ambiental ou na consolidação de um regime internacional. A autora considera as networks um tipo de ferramenta metodológica capaz de nos permitir analisar o papel de grupos locais e as interações das relações de poder em vários níveis de análise, permitindo-nos assim relacionar os esforços e as implicações da promoção de um desenvolvimento ambientalmente sustentável.

Nos capítulos 2 e 3, Rodrigues apresenta o dilema existente entre preservação ambiental e desenvolvimento na região do Amazonas (no Brasil) desde 1964 até os dias de hoje. Este período inclui o ciclo de regime militar no Brasil e o processo de democratização, incluindo as campanhas e as ações de atores não estatais. Além de fatores sócio-econômicos e políticos, são analisadas implicações domésticas e internacionais sobre o dilema e o impacto produzido nos padrões de desenvolvimento em função das condições e constrangimentos do...