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Reviewed by:
  • A palavra usurpada: exílio e nomadismo na obra de Clarice Lispector
  • Maria José Somerlate Barbosa
Nina, Cláudia . A palavra usurpada: exílio e nomadismo na obra de Clarice Lispector. Coleção Memória das Letras, 15. Porto Alegre: EDIPUC, 2003. 182 pp. Bibliografia.

A palavra usurpada:exílio e nomadismo na obra de Clarice Lispector é a tradução para o português da tese de Doutorado da autora O livro está dividido em uma introdução, cinco capítulos, conclusão e referências A autora separa os textos em "exílicos" ou "de silêncio" (aqueles publicados quando Lispector morava fora do Brasil) e os "nomádicos" (publicados depois de A paixão segundo G.H.) Na "Introdução" (9- 18), a autora apresenta o conceito de "livro-rizoma," baseando-se em discussões teóricas desenvolvidas por Gilles Deleuze e Felix Guattari, fala da escolha dos textos de Lispector e atualiza a fortuna crítica sobre a autora em estudo O primeiro capítulo, "Haia: Uma viajante clandestina" (19- 31), é um apanhado biográfico de Lispector baseado em estudos de outros autores O segundo capítulo, "Perto do coração selvagem das palavras" (33- 47), analisa o primeiro romance de Lispector apresentando uma revisão da crítica especializada sobre Perto do coração selvagem e sobre o conceito de écriture féminine Na terceira parte, "Narrativas do silêncio: Palavras sitiadas" (49- 118), a autora examina O lustre, A cidade sitiada e A maçã no escuro, estabelecendo comparações entre os livros de Lispector e os de Joyce, Kafka e Camus e analisa alguns textos, como A maçã no escuro, à luz das teorias de Heidegger e Nietzsche Este é o capítulo mais longo e para onde a energia analítica converge Nina busca uma nova definição para as palavras "exílio" e "silêncio" e se esforça por diferenciar sua proposta de exílio daquela apresentada por Claire Varin (Langues de feu: essais sur Clarice Lispector) No capítulo quatro, "Atravessando o Deserto" (119- 137), a autora discute A paixão segundo G.H., que considera um livro de transição para a segunda fase da escrita de Lispector Este capítulo apresenta algumas análises bem elaboradas, como por exemplo, a relação estabelecida entre a "referência simbólica (e também bíblica)" do auto-conhecimento de G.H e os desertos/ escrita nomádica (119- 136) O último capítulo, "Escritos nomádicos" (139- 169), traça breves análises de Água viva,A hora da estrela e Um sopro de vida Não há ali o mesmo fôlego e conhecimento que a autora apresenta ao discutir textos como O lustre,A cidade sitiada ou A paixão segundo G.H e, em algumas partes deste capítulo, acaba repetindo análises que já foram feitas por outros críticos.

Apesar dos méritos do texto, faltou uma revisão mais apurada, principalmente no que diz respeito à estrutura textual; ou seja, há muita fragmentação e repetição de idéias e fatos As propostas novas ou os tópicos que acrescentam algo inusitado à leitura da obra de Lispector acabam perdendo o impacto inicial no emaranhado das repetições e das estruturas interrompidas e retomadas Compare, por exemplo, as páginas 14- 15, 25, 56, 64- 69, 143, 145- 146 e 151, em que Nina expande e explica as abordagens teóricas que utiliza A apresentação paulatina do enunciado teórico pode, à primeira vista, ser considerado um sistema de sedução do leitor; no entanto, esta estratégia de incitação, usada tão insistentemente neste [End Page 193] texto, não produz o efeito esperado Tal técnica parece funcionar melhor na ficção do que na crítica literária, pois nesta última há uma expectativa de maior clareza e a necessidade de uma organização mais apurada das idéias e dos conceitos.

Nina dedica atenção aos textos publicados por e sobre Lispector dentro e fora do Brasil, enfocando a relação vida/ obra no contexto do silêncio e do exílio Ainda que seja importante mencionar autores e textos...

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